Que prazer, implicar o olhar nesta delicia do jardim! Este conjunto de gravuras, tido como uma verdadeira massa de signos seductores, libera um dialogo burlesco, rindo e duvidando da sua propria estatura como da do espectador. Cada um destes signos goza das outras imagens da mesma maneira que o faz com a natureza humana e expõe um olhar obliquo ao observador.
Confusa e ludica, esta massa de imagens sugere a liberdade adolescente ou infernal, de um desejo perverso e abondante. A multidão gravada da sinal virando as costas. A sua satisfação é provocar a confusão, ela goza com a perda da noção da realidade, da rejeição da nostalgia e da conveniência dos paradoxos misteriosos, daqueles deuses que guardam bem as chaves e preservam uma conformidade social. Esses mesmos deuses ( com ou sem nome) criados no nosso imaginario para melhor evitar as respostas; verdades que poderiam conhecer o seu nascimento somente através de um dialogo de massas, numa união sensual, utopica ou monstruosa, são reveladas por Marc Brunier-Mestas.
Para além doutras evidências nas suas gravuras, as desfigurações do corpo, da carne, são signos de risos quebrados. Isto é tolerado por um instante do olhar, pela compreenção das formas e da sua maneira obliqua, detorpada e mesmo obscena de nous remeter o olhar, o olho da arvore, do anûs e da mão que faz sinal, que nos faz rir, antes de se compreender.
A isca sensual atira ao ponto de não-regresso, no momento do despertar da consciência e da tentativa de fuga. Nesta situação ja é tarde de mais, a imagem ja se encontra gravada na memoria e observa-vos. Tentar a fuga provocara uma ferida cicratizante, visivelmente reprimida. Que transportamos como uma lembraça que petisca a consciência... E a cada tentativa, o olhar escapa para cair nesta multidão que o destabiliza. A incerteza, entre os estados, isca e anzol, a duvida é também um tempo suspenso, perdido e endurecido. Ele esta nesta espera que nasce com o medo, de uma relação utopica com uma natureza cultivada pelos deuses, pelo seu jardim amoroso e amado, violado e violento, e bem amado.
Matt Hill
Setembro 2003